Quando o silêncio do luto se torna ensurdecedor à tristeza, a dor e o sofrimento se fazem presente, assim como, à necessidade de reaprender a caminhar novamente com a perda de algo ou alguém de total significância em nossa vida. Quanto mais amor pelo que se teve, mais intenso será o luto.
Atualmente vivemos em uma sociedade em que somos obrigados a vivenciar a felicidade 24h por dia. Durante os atendimentos no consultório “brinco” com meus pacientes de que é imensamente entediante imaginar sermos felizes da hora que acordamos até a hora que vamos dormir por todos os dias de nossa vida. Precisamos da dor para valorizar a felicidade dos momentos simples. A felicidade precisa ser conquistada!
A busca insistente pela felicidade utópica não permite espaço para dar voz à morte, que é a própria condição humana. Não há nada que possa modificar a existência do fim da vida. Acredito que você não está surpreso ao ler que um dia irá morrer, não é mesmo?
A vida e a morte fazem parte do mesmo caminho. Se há vida, haverá a morte. Se houve a morte, também existiu a vida. E o que estamos fazendo entre esse espaço de tempo? Ao nos deparar com a morte de algum ente querido, também nos aproximamos da própria fragilidade existencial, passamos então a reconhecer nossa finitude. O luto possui diversas teorias explicativas, porém nenhuma delas é capaz de medir a dor; só quem viveu a perda é quem pode se apropriar desse sentimento. Vale ressaltar que, não há luto mais dolorido que o outro, em todos os casos o que existe é o sofrimento com o vazio e o silêncio, e por isso, todos os enlutados precisam ser respeitados integralmente.
Estar enlutado é passar por um processo com inicio, meio e fim, porém cada individuo tem seu próprio tempo para reaprender a viver com tamanha ausência. Estar em luto não é sinônimo de estar doente e sim de estar em contato com a maior fragilidade existencial. Por não ser uma doença o enlutado também não deve ser medicado, é preciso ser acolhido, cuidado e ser ouvido. É necessário falar sobre quem se foi e não minimizar o sofrimento dizendo que “um dia tudo isso irá passar”. Como “deixar passar” uma pessoa que fez parte da sua história? Você gostaria de ser esquecido?
Só quem tem a importância da morte na consciência é que consegue aproveitar cada segundo da vida no aqui – agora. Valorizar o luto saudável é permitir o resgate do sentido da nossa existência! Não espere o sofrimento da morte para ir em busca do que te faz feliz em vida. Que sejamos luz para aqueles que convivem com essa dor e que possamos acender nossa responsabilidade para com a própria existência.
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